quinta-feira, 7 de maio de 2009

Escolhendo o próprio destino

"Estou disposto a largar tudo", disse o príncipe ao mestre. "Por favor, me aceite como discípulo".
"Como um homem escolhe seu caminho?", perguntou o mestre.
"Pelo sacrifício", respondeu o príncipe. "Um caminho que exige sacrifício, é um caminho verdadeiro".
O mestre esbarrou numa estante. Um vaso caríssimo despencou, e o príncipe atirou-se ao chão para agarra-lo. Caiu de mau jeito e quebrou o braço, mas conseguiu salvar o vaso.
"Qual é o maior sacrifício: ver o vaso espatifar-se, ou quebrar o braço para salvá-lo?", perguntou o mestre.
"Não sei", respondeu o príncipe.
"Então como quer orientar sua escolha pelo sacrifício? O verdadeiro caminho é escolhido por nossa capacidade de ama-lo, não de sofrer por ele".

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O contrabandista

Volta e meia, Nasrudin atravessava a fronteira entre a Pérsia e a Grécia montado no lombo de um burro. Toda vez passava com dois cestos cheios de palha e voltava sem eles, arrastando-se a pé. Toda vez o guarda procurava por contrabando. Nunca o encontrou.

"O que é que você transporta, Nasrudin?"

"Sou contrabandista."

Anos mais tarde, com uma aparência cada vez mais próspera, Nasrudin mudou-se para o Egito. Lá encontrou um daqueles guardas de fronteira.

"Diga-me, Mullá, agora que você está fora da jurisdição grega e persa, instalado por aqui nesta vida boa - o que é que você contrabandeava, que nunca conseguimos pegar?"

"Burros."
Contos do mestre Sufi Nasrudin

Surpresa Desagradável

Precisando de dinheiro, Nasrudin decidiu fabricar e vender iogurte.

Devido à sua inexperiência, só foi possível aproveitar pouquíssimo alimento. Pegou então um pote, encheu-o de barro e por cima colocou uma fina camada de iogurte. Imediatamente, dirigiu-se ao mercado e ofereceu-o a um amigo seu que tinha um armazém.

Este, antes de pagar-lhe, resolveu provar a mercadoria. Pegou uma colher, mexeu o iogurte e, no mesmo instante, surgiu o barro reluzente.

— Mas, Nasrudin — exclamou, surpreendido, o comerciante —, debaixo desta fina camada de delicioso iogurte há um barro nojento!

— É natural — disse Hodja —, sempre que se mexe algo que é delicioso por cima, pode-se encontrar uma surpresa desagradável por baixo.

Contos de ensinamento do mestre Sufi Nasrudin

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Sal da Vida

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.
- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
'Ruim' - disse o Aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.Os dois caminharam em silêncio até ás margens de um sereno lago e o jovem jogou o sal na água.
Então o velho disse:
'Beba um pouco dessa água'.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! - disse o rapaz.
- 'Você sente o gosto do sal?' - perguntou o Mestre.
- 'Não' - disse o jovem esbanjando certeza.
O Mestre, então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
- 'A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras, é deixar de ser copo para tornar-se um Lago.'

Ensinamentos de Vida

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Charles Chaplin

As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem.
Lilian Tonet

A vida é muito importante para ser levada a sério.
Oscar Wilde

A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente.
Soren Kierkergaard

Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.
Confúcio

Esmola

Um homem da tribo dos Ansares se aproximou de Maomé.

“Sou filho de uma família pobre”, disse ele. “Venho pedir socorro, porque todos em minha casa estão passando fome”.

Maomé deu-lhe duas moedas, dizendo: “com a primeira moeda, compra comida para a tua gente. Com a outra, um machado para cortar lenha”.

O seu discípulo mais fiel anotou a história e costumava contar a todo mundo, acrescentando: “a verdadeira caridade não é resolver o problema imediato, mas ajudar a que ele nunca mais se repita”.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Das perguntas erradas

O que é a sabedoria? Uma história sufi nos fala de um homem que vivia na Turquia, quando escutou falar de um grande mestre que morava na Pérsia e que detinha o segredo da sabedoria.

Sem hesitar, vendeu suas coisas, despediu-se da família e foi em busca do tal segredo.

Depois de anos viajando, conseguiu chegar à cabana onde morava o grande mestre. Cheio de temor e respeito, aproximou-se e aguardou que o sábio voltasse de seu passeio matinal. 

- Venho da Turquia - disse, assim que o sábio apareceu - Fiz essa viagem inteira para fazer apenas uma pergunta. 
- Está bem. Pode fazer apenas uma pergunta. 

- Preciso ser claro no que vou perguntar; posso fazer a pergunta em turco? 

- Pode - disse o sábio - E já respondi sua única pergunta. Qualquer outra coisa que quiser saber, pergunte ao seu coração; não é preciso viajar tanto para descobrir que ele é o melhor de todos os conselheiros. E fechou a porta.




Coragem

Um rei submeteu sua corte à prova para preencher um cargo importante. Um grande número de homens poderosos e sábios reuniu-se ao redor do monarca.
- Sábios, eu tenho um problema e quero ver qual de vós tem condições de resolvê-lo. Disse o rei

Ele conduziu os homens a uma porta enorme, maior do que qualquer outra por eles já vista.

O rei esclareceu:
- Aqui vedes a maior e mais pesada porta de meu reino. Quem dentre vós pode abri-la?

Alguns dos cortesãos simplesmente balançaram a cabeça. Outros, contados entre os sábios, olharam a porta mais de perto, mas reconheceram não ter capacidade de fazê-lo.

Tendo escutado o parecer dos sábios, o restante da corte concordou que o problema era difícil demais para ser resolvido. Somente um único vizir aproximou-se da porta.

Ele examinou-a com os olhos e os dedos, tentou movê-la de muitas maneiras e, finalmente, puxou-a com força. E a porta abriu-se.

Ela tinha estado apenas encostada, não completamente fechada, e as únicas coisas necessárias para abri-la eram a disposição de reconhecer tal fato e a coragem de agir com audácia.

O rei disse:
- Tu receberás a posição na corte, pois não confias apenas naquilo que vês ou ouves; tu colocas em ação tuas próprias faculdades e arriscas experimentar.    

1590
Maktub 

sábado, 2 de maio de 2009

Adversidade

Quem perde os seus bens, perde muito; quem perde um amigo, perde mais; mas quem perde a coragem, perde tudo. (Autor desconhecido)

Quando se busco o cume da montanha, não se dá importância às pedras do caminho.(Autor desconhecido)

Quando eu estiver contigo no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes, e então saberás que eu me feri e também me curei. (Tagore)

Se soubermos que um obstáculo é intransponível, deixa de ser um obstáculo para se tornar um ponto de partida. (Juzsef Eorvos)

Se encontrares um caminho sem obstáculos, pensa que talvez não te leve a nenhum lugar. (Autor desconhecido)

Não é por termos liberdade que podemos mudar tudo à nossa volta, mas dispomos da faculdade de dar sentido a tudo (o que é muito melhor), mesmo àquilo que não o tem! Nem sempre somos senhores do desenvolvimento da nossa vida, mas somos sempre senhores do sentido que lhe conferimos. (Jacques Philippe)

É à noite que é belo acreditar na Luz. (Edmond Rostand)

Do sábio

Um velho sábio chinês estava caminhando por um campo de neve, quando viu uma mulher chorando.

“Por que choras?”, perguntou ele.

“Porque me lembro do passado, da minha juventude, da beleza que via no espelho, dos homens que amei. Deus foi cruel comigo porque me deu memória. Ele sabia que eu ia sempre recordar a primavera de minha vida, e chorar”.

O sábio ficou contemplando o campo de neve, com o olhar fixo em determinado ponto. A certa altura, a mulher parou de chorar.

“O que estás vendo aí?”, perguntou.

“Um campo de rosas”, disse o sábio. “Deus foi generoso comigo porque me deu memória. Ele sabia que, no inverno, eu poderia sempre recordar a primavera, e sorrir”.